Por que os drones são cada vez mais usados na agricultura?

O agronegócio brasileiro está passando por uma transformação digital sem precedentes. A busca por maior eficiência, redução de custos e práticas sustentáveis tem impulsionado a adoção de tecnologias inovadoras no campo.

Entre essas inovações, os drones se destacam como ferramentas essenciais, marcando a transição da agricultura tradicional para a agricultura de precisão.

Em 2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deu um passo significativo ao regulamentar oficialmente o uso de drones agrícolas através da Portaria nº 298.

Essa medida catalisou o crescimento do mercado no Brasil. Oficialmente, mais de 35 mil drones agrícolas operam no país, representando um aumento impressionante de mais de 11 vezes desde a regulamentação.

Como os drones na agricultura otimizam a produção e reduzem custos?
Monitoramento de lavouras e identificação precoce de anomalias
Os drones equipados com câmeras de alta resolução e sensores multiespectrais revolucionaram o monitoramento de lavouras.

Eles coletam dados visuais e não visuais, permitindo a identificação rápida e precisa de pragas, doenças, deficiências nutricionais e estresse hídrico.

Essa capacidade supera em muito os métodos tradicionais de inspeção, oferecendo aos agricultores uma visão detalhada e em tempo real de suas plantações.

Otimização da aplicação de insumos
A análise dos dados coletados pelos drones possibilita a criação de mapas de aplicação localizada. Isso permite que fertilizantes e defensivos sejam aplicados somente onde e na quantidade necessária.

Como resultado, há uma redução significativa no desperdício de insumos, nos custos operacionais e no impacto ambiental.

A gestão hídrica também se beneficia dessa tecnologia. Os drones ajudam a identificar áreas com maior necessidade de irrigação, otimizando o uso da água, um recurso cada vez mais valioso.

Segundo relatório da DJI Agriculture de 2025, a adoção de drones já gerou economias significativas em água, poupando 222 milhões de toneladas, além de reduzir as emissões de carbono em 30,87 toneladas.

Mapeamento, topografia e planejamento da propriedade
Os drones são capazes de gerar mapas topográficos detalhados, modelos 3D do terreno e mapas de saúde da vegetação, como o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI).

Essas informações são fundamentais para o planejamento de plantio, dimensionamento de áreas, manejo do solo e projetos de drenagem. Com esses dados, os agricultores podem fazer um uso mais eficiente da terra, maximizando a produtividade de cada hectare.

Agilidade na tomada de decisões e ganho de escala
A rapidez na coleta e processamento dos dados pelos drones permite aos produtores tomar decisões mais rápidas e informadas. Eles podem agir proativamente diante de problemas, minimizando perdas e otimizando recursos.

Além disso, os drones possibilitam o monitoramento eficiente de grandes extensões de terra em pouco tempo, algo inviável com métodos manuais. Isso resulta em ganho de escala e eficiência operacional, especialmente para grandes propriedades.

Drones na agricultura de precisão
Os drones são peças-chave na agricultura de precisão. Os dados brutos coletados são transformados em informações acionáveis através de softwares específicos e algoritmos avançados.

Essa tecnologia se integra com sistemas de GPS, plataformas de gestão agrícola e equipamentos de aplicação de taxa variável.

Os drones vão além da simples observação; eles empoderam o produtor com inteligência de dados.

Isso permite a otimização de cada etapa do ciclo produtivo, desde o plantio até a colheita. Com essa abordagem baseada em dados, os agricultores podem minimizar riscos, aumentar a produtividade e melhorar a rentabilidade de suas operações.

Desafios e considerações ao implementar drones na agricultura
Apesar dos benefícios, a implementação de drones na agricultura apresenta alguns desafios. O investimento inicial para adquirir equipamentos (drone, sensores, software) e contratar serviços especializados pode ser significativo.

No entanto, é importante que os produtores analisem o retorno sobre o investimento. A longo prazo, os benefícios em termos de economia de insumos, aumento de produtividade e redução de perdas geralmente superam o custo inicial.

O conhecimento técnico é outro aspecto importante. Os produtores ou suas equipes precisam saber operar os drones de forma segura e eficiente, além de interpretar os dados coletados.

Investir em treinamentos específicos e cursos disponíveis no mercado é essencial para maximizar o potencial dessa tecnologia.

A infraestrutura também é um ponto a considerar. O uso eficaz de drones e o processamento de dados demandam acesso a uma boa conexão de internet e energia elétrica confiável.

Em algumas áreas rurais, isso ainda pode ser um desafio. Alternativas como processamento offline ou serviços de nuvem podem ser consideradas para contornar essas limitações.

Tendências e inovações com drones na agricultura

O futuro dos drones na agricultura é promissor. Estamos vendo o desenvolvimento de drones mais autônomos, capazes de voar e coletar dados com mínima intervenção humana.

A integração com Inteligência Artificial está permitindo análises preditivas mais sofisticadas, reconhecimento automático de padrões de pragas e doenças, e otimização de rotas de voo.

Novas aplicações estão surgindo constantemente. Drones para polinização assistida, dispersão de agentes biológicos, controle de vetores e contagem de rebanhos são algumas das inovações em desenvolvimento ou já em uso.

Além disso, drones de pulverização estão se tornando mais precisos, realizando aplicações localizadas de insumos líquidos em áreas específicas.

Uma tendência importante é o barateamento da tecnologia e a simplificação das interfaces. Isso está tornando os drones mais acessíveis e fáceis de usar para um número maior de produtores rurais, democratizando o acesso à agricultura de precisão.

É importante lembrar que, para utilizar drones na agricultura, é necessário cadastrá-los junto aos órgãos competentes.

Esse processo garante a segurança e a legalidade das operações, além de contribuir para o desenvolvimento responsável dessa tecnologia no campo brasileiro.

Fonte: https://agro.estadao.com.br