La Niña 2025: o que esperar do clima e como agricultores podem se preparar
La Niña: o que é e como pode impactar a agricultura em Goiás, Minas e Bahia em 2025
Depois de meses de calor intenso e chuvas irregulares causadas pelo El Niño, os meteorologistas já indicam uma mudança de cenário climático: a chegada da La Niña.
Mas o que isso significa para os produtores rurais de Goiás, Minas Gerais e Bahia?
O que é a La Niña
A La Niña é o oposto do El Niño.
Ela ocorre quando há resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, alterando a circulação de ventos e umidade na atmosfera.
No Brasil, esse fenômeno costuma provocar:
- Mais chuvas no Norte e Nordeste;
- Secas mais severas e temperaturas mais baixas no Sul;
- Risco de estiagem irregular em parte do Centro-Oeste.
Ou seja, a La Niña pode melhorar o regime hídrico em algumas regiões e dificultar o plantio em outras — exigindo planejamento cuidadoso.
Efeitos esperados em Goiás
Em Goiás, a La Niña historicamente traz chuvas irregulares e veranicos prolongados, especialmente entre dezembro e fevereiro.
Esses períodos de seca temporária no meio da estação chuvosa podem afetar o enchimento de grãos da soja e do milho safrinha.
“A La Niña costuma favorecer o início das chuvas, mas nem sempre garante regularidade até o final da safra”, alertam técnicos do INMET e da Embrapa Cerrados.
Por outro lado, o fenômeno também pode reduzir o risco de calor extremo — o que beneficia a pastagem e o bem-estar animal.
Impactos em Minas Gerais
Em Minas Gerais, a La Niña tende a beneficiar o regime de chuvas, especialmente no Norte e Nordeste do estado, que sofreram com a seca durante o El Niño.
A expectativa é de recuperação do solo e das lavouras de sequeiro, como milho, feijão e mandioca.
Entretanto, no Sul de Minas, há risco de temperaturas mais baixas e geadas antecipadas, o que pode afetar a cafeicultura, uma das principais atividades econômicas da região.
“A La Niña é boa para a água, mas exige vigilância redobrada com o frio”, alertam cooperativas de café de Varginha e Alfenas.
Impactos esperados na Bahia
A La Niña geralmente traz maior umidade e chuvas acima da média para o Nordeste, incluindo boa parte da Bahia.
Isso é uma boa notícia para o semiárido baiano, que tende a se beneficiar com a recuperação de açudes e pastagens.
No entanto, para o oeste da Bahia — grande produtor de soja e algodão — o excesso de chuva pode dificultar o manejo do solo e o controle de pragas, além de atrasar a colheita.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o desafio será equilibrar o excesso de chuva com o cronograma agrícola da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Estratégias de adaptação para produtores
Com a possível instalação da La Niña em 2025, especialistas recomendam aos produtores:
- Monitorar as previsões sazonais e planejar o plantio com base na regularidade das chuvas.
- Ajustar o calendário agrícola conforme o início antecipado da estação chuvosa.
- Evitar o plantio em solos encharcados e investir em drenagem quando necessário.
- Usar variedades mais resistentes a doenças associadas à alta umidade.
- Diversificar culturas para reduzir o risco climático.
Perspectivas para 2025
De acordo com relatórios recentes do INMET e da NOAA (agência meteorológica dos EUA), há alta probabilidade de La Niña se formar entre maio e julho de 2025.
Isso deve trazer chuvas acima da média para o Norte e Nordeste e seca mais acentuada no Sul, com efeitos mistos no Centro-Oeste.
Para os agricultores, o recado é claro: é hora de se preparar para o excesso de chuva em algumas regiões e para sua ausência em outras.
O ciclo climático de El Niño e La Niña mostra como a agricultura brasileira precisa ser cada vez mais resiliente e tecnológica.
Em Goiás, Minas e Bahia, a chegada da La Niña poderá trazer alívio hídrico, mas também novos desafios de manejo.
A adaptação — seja com conservação do solo, irrigação inteligente ou escolha de cultivares adequadas — continua sendo o caminho para garantir produtividade mesmo diante das mudanças do clima.